Em setembro de 1995 Maria Barroso tinha 70 anos. Dona de uma história de vida singular, foi uma mulher muito à frente do seu tempo. Ou melhor, uma mulher que viveu de alma e coração todas as épocas que atravessou, sem ficar presa a esteriótipos do passado.
Em setembro de 1995, Mário Soares, o homem com quem Maria Barroso casou a 22 de fevereiro de 1949, por procuração porque o noivo estava preso, estava a entrar na última etapa do seu segundo mandato como Presidente da República.
Em setembro de 1995, Maria Barroso convidou Sofia de Espanha para participar num Congresso sobre Stress e Violência na Criança. A rainha chegou de véspera e Maria Barroso jantou com ela num restaurante no Guincho.
A conversa foi longa e Sofia perguntou-lhe porque é que ela não sucederia ao marido. Maria Barroso respondeu-lhe com humor: "Majestade, isto não é uma monarquia!".
Maria Barroso, a mulher que sentiu o pai ser preso quando ainda não tinha dois anos [no golpe de 7 de fevereiro de 1927], contou-me este episódio na década seguinte, durante uma entrevista para o livro "Primeiras Damas", de que sou co-autora, editado pelo Museu da Presidência.
Partiu nesta madrugada de 7 de julho esta mulher que escolheu o seu destino e ocupa um lugar na história do século XX em Portugal.
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