Estatuto editorial

  1. O Expresso defende, desde sempre, a liberdade de expressão e a liberdade de informar, bem como repudia qualquer forma de censura ou pressão, seja ela legislativa, administrativa, política, económica ou cultural. O Expresso é um jornal com convicções, mas independente de todos os poderes, manifestando esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes.

  1. O Expresso entende que as publicações de natureza informativa devem ser independentes porque só assim cumprem a sua função essencial perante a sociedade. Julga, pois, que as publicações informativas não são instrumentos ou meios ao serviço de determinados objectivos, por mais louváveis que estes sejam, mas instituições autónomas através das quais os cidadãos podem, em liberdade e no pluralismo, procurar o esclarecimento de que necessitam para o exercício das suas opções.

  1. O Expresso considera, no entanto, que determinadas causas comuns à cidadania ‑ como sejam a da defesa das liberdades fundamentais e da democracia, a de um ambiente saudável que não coloque em risco as gerações futuras, a da língua e do património histórico do país, a da paz e da participação plena de Portugal na União Europeia, a do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade ‑ devem ser divulgadas e sustentadas, sem prejuízo do pluralismo de opinião e de conceder voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica.

  1. O Expresso tem e terá presente os limites impostos pela deontologia dos jornalistas, pela ética profissional e pelo Código de Conduta dos jornalistas do Expresso. Quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição deste jornal.

  1. O Expresso sabe, que é indispensável, em cada momento, distinguir entre as notícias - que deverão ser, tanto quanto possível, objectivas, circunscrevendo-se à narração, à relacionação e à análise dos factos para cujo apuramento devem ser ouvidas as diversas partes - e as opiniões que deverão ser assinadas por quem as defende, claramente identificáveis e publicadas em termos de pluralismo. O Expresso toma posição através de editoriais não assinados que vinculam a posição do jornal.

  1. O Expresso sabe, ainda, que a selecção do material a publicar, a sua colocação nas diversas páginas, a colunagem dos respectivos títulos, a ilustração com fotografias, infografias ou cartoons devem obedecer a critérios de inserção baseados na importância efectiva de cada texto e não nas convicções ideológicas ou interesses particulares de quem as escreve, escolhe ou pagina.

  1. O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério.

  1. O Expresso sabe, igualmente, que a publicação insistente de determinados assuntos - do crime e do sexo às baixezas da vida política e económica - poderia aumentar a venda de exemplares, mas recusa-se a alimentar qualquer tipo de sensacionalismo que ponha em perigo o jornalismo de qualidade que sempre pretendeu fazer. Respeita, acima de tudo, os leitores e está consciente de que eles aceitam e desculpam os erros que o Expresso comete, mas que não lhe perdoariam se, deliberadamente, por acção ou por omissão, os enganasse ou abusasse da sua boa fé.

  1. O Expresso atribui prioridade absoluta à coerência que historicamente lhe tem permitido ser um projecto ganhador e de referência, independentemente de quem sobe e de quem desce do poder.

  1. Se e quando, um dia, se tornar impossível manter essa coerência, o Expresso acabará, porque – como sempre afirmou o seu fundador - prefere, nessas circunstâncias, morrer de pé.