Em novembro de 2024, faz agora quatro meses, fomos atrás de Mário Centeno até à Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, onde o governador do Banco de Portugal ia dar uma aula aberta. Centeno andava a visitar escolas de Trás-os-Montes ao Algarve, passando por Ponta Delgada, Elvas, Amadora ou Celorico de Basto, a que somava visitas a empresas e “encontros com a comunidade” de norte a sul do país. Viajámos até Coimbra declaradamente com água no bico. Se o governador era apontado em sondagens como um dos mais fortes candidatos às presidenciais de 2026 (o ponto de referência era o almirante Gouveia e Melo e Centeno aparecia como o mais capaz de o travar), valia a pena vê-lo a atuar. E vê-lo a atuar confirmou um perfil empático, competente no item selfies, mas sobretudo muito eficaz a vender o seu peixe no mix ‘técnica/política’. Mês e meio depois, quando numa entrevista à RTP descartou candidatar-se a Belém — “Não está no meu horizonte” — o governador apanhou meio mundo de surpresa e saiu do radar dos estudos de opinião. Mas na opinião dos que sonharam, forçaram e tudo fizeram para o convencer a ir a jogo, ele não é uma carta arrumada. O próprio, grande adepto da teoria dos jogos, é pouco dado a fechar portas forever.
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