
Numa altura em que se levantam vozes exigindo a construção de habitação pública de qualidade e em larga escala, nomeadamente em Lisboa, é importante que não olhemos apenas para os numerosos aspectos positivos do modelo vienense
Numa altura em que se levantam vozes exigindo a construção de habitação pública de qualidade e em larga escala, nomeadamente em Lisboa, é importante que não olhemos apenas para os numerosos aspectos positivos do modelo vienense
Licenciado em História e Gestão
Em tempo de guerra, todo o buraco é trincheira. E a habitação pública da cidade de Viena, agora que estamos em plena guerra ideológica sobre a escassez e o elevado custo das casas — não só nas cidades portuguesas mas em incontáveis urbes espalhadas pelo mundo —, tem sido uma das trincheiras preferidas pelo exército da esquerda, seja na sua versão convencional social-democrata, seja nas mais aguerridas e vanguardistas tropas especiais de cunho marxista. Praticamente sem falha, qualquer discussão sobre o tema acaba por passar pelo facto de a Câmara Municipal da capital austríaca, sozinha, ser proprietária do dobro dos fogos que o nosso país, com o sêxtuplo da população, tem disponíveis para habitação social. E a cereja no topo do facto, rematando a argumentação dos mais informados, consiste em descrever a qualidade arquitectónica e construtiva desses empreendimentos, tomando normalmente como exemplo o gigantesco edifício Karl Marx-Hof (que podemos traduzir por Quarteirão Karl Marx, ou Pátio Karl Marx, ou Complexo Karl Marx), nome que não esconde ao que vem, ainda que resultante de um baptismo com praticamente 100 anos.
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