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Melhor amigo do homem e barómetro das suas falhas: uma história do cão na literatura

Melhor amigo do homem e barómetro das suas falhas: uma história do cão na literatura
Getty Images

De Homero a Tchékhov, de Dickens a Auster, de Woolf a Colette Audry, de Cervantes a Pérez-Reverte, de Thomas Mann a Clarice Lispector, de raça ou rafeiros, as suas pegadas foram eternizadas em centenas de páginas. Uma ode ao melhor amigo do homem, que na maioria das vezes serve para lhe apontar as falhas

Estão gravados na pedra, nas pinturas rupestres, lado a lado com o homem. Sabe-se que evoluíram do lobo e que nos acompanham há pelo menos 10 mil anos. Por isso não admira que, no deserto árabe, caçadores pré-neolíticos já os representassem de trela, a participarem ativamente nas caçadas. De então para cá, tornaram-se a nossa sombra, e assim que começámos a contar histórias, passámos também a contá-los. E se a literatura foi pródiga em documentar a complexa e interdependente relação entre cães e humanos, os últimos nem sempre saem bem considerados no retrato. Em muitos casos, o cão serve de negativo às contradições e à inconstância humanas, como instrumento para as sublinhar. Homero quis que Odisseu ou Ulisses fosse impiedoso com “Argos”, porque mesmo os grandes heróis, supostamente impolutos, possuem um traço de crueldade. Vinte e sete séculos depois, Tchékhov fez o mesmo com “Kashtanka”, a rafeira maltratada que, depois de perdida e adotada por alguém mais bondoso, acaba por regressar ao antigo e ignóbil dono. Voluntária e alegremente.

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