Dois anos antes de disparar um tiro de revólver na cabeça, Camilo Castelo Branco suplicou a João António de Freitas Fortuna que resistisse a qualquer “força ou consideração” que tentasse impugnar a sua última e fervorosa aspiração: ser sepultado no jazigo familiar deste seu amigo, no cemitério privado da Real Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, no Porto. “Desejo ali ser sepultado”, escreveu numa carta, a 6 de abril de 1888, apelando ao amigo que “nenhuma força ou consideração o demova de me conservar as cinzas perpetuamente na sua capela”. Foi a única disposição que deixou escrita sobre a sua morte. “Dê o meu amigo a estas linhas a validade de uma cláusula testamentária e, sendo preciso, faça que ela valha em juízo”, insistia, confiando na intrepidez de Freitas Fortuna.
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