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Centro de Arte Moderna da Gulbenkian: do Japão para Lisboa, a pala que veio mudar um clássico

Centro de Arte Moderna da Gulbenkian: do Japão para Lisboa, a pala que veio mudar um clássico
Fernando Guerra

Com a aplicação de uma macroestrutura curvilínea de madeira, a ampliação e remodelação do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian abre a obra aos sectores a sul dos jardins, criando um novo diálogo arquitetónico e ambiental, com dimensão estética e plástica. Análise da intervenção do japonês Kengo Kuma

Não se procurará aqui detalhar excessivamente por palavras toda a obra, de um sentido sensorial muito forte, que devemos antes fruir por si, experimentando-a ao vivo; antes procuraremos sintetizar os aspetos mais relevantes da intervenção. Na remodelação do Centro de Arte Moderna, alguns temas desenvolvidos pelo arquiteto japonês Kengo Kuma apostam na reinterpretação dos espaços e formas existentes, com a criação de uma nova frente ou fachada, arquitetónica e paisagística, para o CAM e, por via deste, para o conjunto da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). As novas opções funcionais, com a abertura de uma entrada a sul das instalações da FCG, antes inexistente, numa área com delicado tratamento paisagístico — permitindo inovadora articulação urbana com as avenidas —, é outro dos destaques, assim como o entendimento orgânico do espaço existente no seu conjunto (visão holística, ou gestalt) como agente articulador dos vários elementos construídos presentes: edifício do CAM, jardins e parque, edifício revivalista romântico da Fundação Vilalva/Eugénio de Almeida, antigo muro limite a sul. A intervenção passa ainda pela implantação de uma original conceção arquitetural, com a “compressão” plástica e formal do espaço da frente sul, através de uma expressiva consola, sanca ou pala em madeira (feita de sucessivos e sofisticados layers aplicados em várias “folhas tecnológicas” sobrepostas de madeira tratada) revestida a telha, que, em longa forma curvilínea, gradualmente descende a partir da frontaria (está muito próxima, mas “solta”, desta). Constitui uma forma fina e elegante, horizontal e orgânica — que atribui um novo e pleno significado ao que era antes a fachada “traseira” e secundária do CAM — realçando os novos espaços expositivos.

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