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Bem-vindos a Nova Iorque: segredos e histórias da cidade que não dorme

Eve Arnold captou algumas das imagens mais icónicas de Nova Iorque. Aqui com a jornalista e escritora Drusilla Beyfus, em primeiro plano, e alguns dos arranha-céus de Manhattan, em fundo, corria o ano de 1956
Eve Arnold captou algumas das imagens mais icónicas de Nova Iorque. Aqui com a jornalista e escritora Drusilla Beyfus, em primeiro plano, e alguns dos arranha-céus de Manhattan, em fundo, corria o ano de 1956
Eve Arnold/Magnum Photos/Fotobanco.pt

Da mediática Manhattan às ilhas menos conhecidas, da grande arte nos melhores museus à vida frenética nas ruas, Nova Iorque é uma metrópole em permanente mutação no espaço e no tempo. Uma fascinante exposição no Museu da Cidade de Nova Iorque, “This Is New York”, abre o apetite para mais uma visita. Este é o nosso guia

Nova Iorque é a cidade que imaginamos antes de a conhecermos. Quando a visitei pela primeira vez em 1970, a minha visão era a do preto e branco do film noir. A violência urbana entrelaçada com o amor complicado. Viviam-se os tempos revoltos da Guerra do Vietname (1955-75). No ano anterior, o democrata L. B. Johnson dera lugar ao republicano Richard Nixon na Presidência da nação, e os protestos estudantis (e outros) forçavam uma retirada das forças americanas. (A história repete-se: Vietname há meio século; Gaza, hoje.) Mas cheirava ainda ao Flower Power e ouviam-se ecos do make love, not war, típicos dos anos 1960. Inevitavelmente, confirmei todos os meus preconceitos (muitos deles, errados) sobre a floresta de cimento, aço e vidro e os canyons da zona de Wall Street. É verdade que provei a Coca-Cola (vulgo, coke) — proibida em Portugal até 1977 — e gostei, ficando fã até hoje. Também me senti extasiado com os anúncios luminosos da Times Square — a autodenominada ‘encruzilhada do mundo’ que deve o nome ao “The New York Times”. Em particular, o famoso néon publicitário da Camel (marca de tabaco), com o fumador a expelir rolos de fumo simulados pelo inocente vapor de água. Mas notei logo que, a dois passos da Praça do Times, no coração do distrito dos teatros — rua 42 — pululava a subcultura das lojas de sexo com bonecas insufláveis na montra e outros ‘brinquedos’, e vendilhões de aspeto tenebroso a ciciar ‘smoke, smoke...’ (fumo, fumo, como código para toda a espécie de drogas.) A pujança capitalista paredes-meias com a decadência e sordidez mais abjetas. Recordo ainda que o novo Met (Metropolitan Opera) foi construído (1966) na vizinhança de Lincoln Square, uma zona afro-caribenha em jeito de favela, que fora o palco dos gangues de “West Side Story”. À época, os programas do Met incluíam instruções sobre a maneira mais segura de lá chegar. A propósito: estreei-me como espectador do Met num “Parsifal” com Helge Brilioth e Régine Crespin, dirigido por Leopold Ludwig.

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