
Não nos deixemos enganar pela aparência de estrela de cinema. José Almeida Araújo era um mau fingidor que se entregou com paixão e descaso à pintura, fotografia e escultura. Um não-arquiteto que fez arquitetura e deixou obra
Não nos deixemos enganar pela aparência de estrela de cinema. José Almeida Araújo era um mau fingidor que se entregou com paixão e descaso à pintura, fotografia e escultura. Um não-arquiteto que fez arquitetura e deixou obra
Jornalista e Escritora
Talvez seja preciso ser homem para o entender. Ou não. Porventura, é preciso ser mulher para ver o quanto os seus cinco casamentos foram derradeiros e catalisadores das várias vidas que cabem na existência de um século de José de Harry de Almeida Araújo. Poderíamos começar pela sua mãe, Vilma, a alemã judia que abandonou Berlim fugindo das perseguições nazis, de quem ele pouco falava. Ou sentarmo-nos a ouvir qualquer uma das seis filhas, que se habituaram a vê-lo entregue a cada projeto e ideia, em paixão. José de Almeida Araújo (1924-2024) tencionava estudar arquitetura, a profissão do pai, quando o chumbo no exame de admissão, em Desenho Livre, o lançaria num caminho cosmopolita e fora de estrada. Que se fez de conversas com André Malraux e Le Corbusier, de cumplicidades com Errol Flynn, Jean Cocteau e Marcel Pagnol. E de perturbações em dias soalheiros do Sul de França, olhando Picasso e Jean Simmons.
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