1950-2024 Foi na Europa agitada pelas rajadas do Maio de 1968 que Damo Suzuki aterrou, escapando de um Japão altamente tradicionalista e crescentemente capitalista. Ainda adolescente, publicara um anúncio no jornal sueco “Expressen” em que declarava vontade de “estudar as tradições do país”. Queria encontrar famílias que o pudessem acolher na Suécia por um mês; recebeu 21 respostas positivas. Nas páginas de “All Gates Open — The Story of Can” (2008), de Rob Young e Irmin Schmidt, relata-se a chegada de Suzuki à pequena vila de Grasmark: “Ao sair do comboio transiberiano, esta aldeia iria proporcionar a Damo — barbeado, com um corte de cabelo à laia de John Lennon e com a sua guitarra, clarinete e saxofone — a sua primeira experiência não só de neve, mas da vida na Europa Ocidental.” Começou aí a deambulação pelo mundo que o levou a frequentar casas ocupadas por hippies e anarquistas na Alemanha e a encontrar membros da seminal banda alemã Can, grupo com o qual gravou uma série de importantes álbuns durante a década de 70 e que o firmou como figura de proa do krautrock, variante germânica de um rock de feitura minimal e psicadélica. Procuravam “alguém que parecesse um extraterrestre”, disse. Em Portugal, atuou na Galeria ZDB, em Lisboa, ou no festival Out.Fest, no Barreiro, em viscerais sessões de absoluto improviso. R.M.A.
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