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Editorial

O que nasce primeiro?

O Governo diz que a sociedade teme a imigração. Não é toda. E negociar com o Chega tornará a cisão irremediável

Vale a pena partir do pressuposto do Governo para as novas (e muito restritivas) leis sobre imigração e nacionalidade: que a entrada de centenas de milhares de cidadãos em poucos anos causou uma resistência e ceticismo na sociedade a que o poder político tem de responder — para evitar a cisão social definitiva. Esquece-se de que a sociedade não é una, é uma soma de muitos. Nos próximos dias, o Governo decidirá que caminho seguir: se acentua ainda mais as restrições negociando com o Chega ou se aceita limitá-las falando com o PS. Ora, se Luís Montenegro negociar e aprovar as novas leis com André Ventura, tornará oficial uma rutura política inédita desde os “retornados” da Guerra Colonial. Que efeitos teria essa rutura na sociedade? Ou nos que não se sentem ameaçados? E no milhão e meio de imigrantes que já cá estão e que o Governo dizia querer integrar? O que é que nasce primeiro: a rutura na sociedade ou a rutura política? Certo é podermos estar num ponto de não retorno — essa clivagem promete marcar-nos durante décadas.

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