Exclusivo

Editorial

Por detrás da caça às bruxas

Ir atrás das fontes, assim como dos jornalistas, diz alguma coisa sobre quem persegue — e sobre a saúde do regime

Nixon queria saber quem era o garganta funda que ia revelando o Watergate ao “Washington Post”. Antes dele, Joseph McCarthy inaugurou uma era de perseguição a jornalistas, agentes culturais, sociais e políticos que andavam a destruir a América, a que chamou “comunistas” (e eram todos os que não fossem republicanos). E muitos anos depois deles, Trump lançou uma verdadeira campanha de vingança contra todos os que tiveram a ousadia de o criticar, fossem eles opositores políticos, juízes, advogados ou, claro, jornalistas e meios de comunicação. Nos EUA não faltam épocas de caça às bruxas, que por cá são sempre ligadas ao tempo da ditadura. Não são: esta semana, depois de o Expresso ter noticiado que Luís Montenegro tinha entregue na Entidade da Transparência uma atualização da sua declaração de interesses, revelando lá seis novos clientes da Spinumviva, o próprio primeiro-ministro e o seu líder parlamentar lançaram uma operação de identificação da fonte da informação. “Até às últimas consequências”, disse Hugo Soares. Lembre-se disto: Montenegro teve de o entregar depois de perguntas da própria entidade; e a lei determina que o documento estará disponível para consulta pública, mas só daqui a quatro semanas. Ou seja, depois das legislativas. A questão era, portanto, porque queria Montenegro escondê-lo dos eleitores. Agora também é esta: para que serve, afinal, uma caça às bruxas, senão para intimidar?

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate