Os adjetivos políticos não encaixam na Igreja, nem em Francisco. O Papa não precisou deles para nos marcar
Quando foi escolhido, Jorge Bergoglio escolheu o nome Francisco e disse-nos que vinha de outro mundo. Mas o seu pontificado provou que foi para liderar este que foi designado. A discussão sobre se este Papa foi mais ou menos progressista, mais ou menos conservador, é pouco útil para a definição do lugar que ocupa já na História: não só porque o adjetivo político não encaixa numa instituição com mais de dois mil anos, mas porque o seu legado foi para além disso. Francisco saiu da Igreja e pediu ao clero para o seguir, sorriu nessa saída, tocou todos, acolheu os que mais precisavam, lembrou que o amor está acima da vida, ainda que isso abra feridas — como ele aceitou abrir. Francisco deu segurança em tempos acelerados, uniu numa era de divisão, sem nunca prescindir do papel que um Papa deve ter na sociedade. Francisco foi exatamente o que a Igreja Católica precisava, exatamente o que o mundo lhe pedia. Foi, por isso, o Papa de todos. Que o conclave que daqui a uns dias se reúne tenha a sabedoria de prolongar esta dádiva.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt