Cumpri o serviço militar na Madeira de 1972 a 1974. Conheci Alberto João Jardim e o seu grupo de amigos e amigas que se juntavam diariamente no café Apolo para tentar intervir no futuro do país. Quem o conheceu naquele tempo, antes do 25 de Abril, diria que era um homem de esquerda e que estava destinado a outros patamares na política. Vendo a transformação efetuada nesta nossa maravilhosa ilha, só posso elogiar o trabalho dos madeirenses e de quem ajudou nesta mudança, os seus dirigentes, que afinal não são de esquerda, mas simplesmente gostaram de ver a Madeira a crescer. Com certeza que houve excessos, monopólios que não deviam existir e situações que podiam acontecer doutra forma. A Madeira é um exemplo de crescimento notável em muitos aspetos. Tornou-se numa ilha onde dá gosto trabalhar, viver e passar férias. O que se está a passar politicamente na Madeira não é bonito e deve ser investigado e corrigido. Mas não pode ser isso que mancha todo o trabalho feito em 50 anos pelos madeirenses. O que se passou nos últimos anos, na política deste país, e que envergonhou todos os portugueses e principalmente os socialistas, deve ser investigado e corrigido e servir de exemplo para que se possa alterar a situação a que se chegou. Dito isto, estou “zangado” com os governos dos partidos de esquerda da República pelo pouco que fizeram no desenvolvimento do país e pelo pouco bem-estar dos portugueses em quase 50 anos, para além da corrupção instalada que nos deixa a todos envergonhados. Estou “zangado” com os governos dos partidos de direita que não souberam contrariar esta situação. Estou “zangado” com todos os políticos porque deixaram que o país chegasse a esta altura com uma situação tão pobre e injusta na Justiça, na Saúde, no Ensino e na Economia. Estou “zangado” porque nenhum partido conseguiu travar a corrupção na Administração Pública e instituir uma cultura geral de verdade e valores. Estou “zangado” como a maioria dos portugueses de esquerda ou de direita por não haver ideias de reconstrução dos valores e ética em todas as áreas. Que triste celebração dos 50 anos da democracia e que fraca memória de Sá Carneiro, Mário Soares, entre outros, estamos a deixar aos nossos filhos e netos.
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