A eterna burocracia

Como seria bom que o Dr. Gonçalo Matias, indigitado para modernizar e reformar o Estado, tivesse acesso a este relato. Precisei de comprar uns valores selados. Dirigi-me à Repartição de Finanças da Maia às 8h15 e encontrei uma fila de 15/20 pessoas à minha frente. Às 9h abriu a repartição, e uma funcionária distribuía senhas conforme a cédula de imposto desejado: IMI, IRS, IRC, etc. À minha frente estava um contribuinte que desejava pagar o IMI. No dia anterior (último dia) quis pagá-lo por via eletrónica e, segundo ele, o site da AT estava indisponível. Entrou em altos berros, e com razão, pois já não havia senhas para o IMI. Será que todas as pessoas à sua frente eram para o IMI? Mesmo que tal fosse possível, num dia só seriam atendidas 15/20 pessoas? Chegou a minha vez. A funcionária disse-me, para minha surpresa, que a Tesouraria estava fechada. Só abria uma manhã por semana, no caso à segunda-feira. Não me soube dizer qual a Tesouraria aberta nessa manhã no grande Porto. Dirigi-me então à Repartição de Finanças da Rua Gonçalo Sampaio. Ao entrar, fiquei satisfeito, pois vi na Tesouraria uma funcio­nária ao balcão. Não podia vender os valores selados, pois a Tesouraria estava fechada. O dia de abertura era sexta-feira de manhã. Com a diligência possível, disse-me que essa manhã estaria aberta a Tesouraria da Rua Pinto Bessa (Campanhã). Lá me desloquei, inutilmente. Esta Tesouraria abria às quintas-feiras de manhã. Perante tanta burocracia e falta de informação, desisti do meu périplo e decidi aguardar até sexta de manhã pela Tesouraria da Rua Gonçalo Sampaio. Cheguei lá às 9h45 e aí exasperei, pois já não havia senhas para a Tesouraria. Ao ver-me tão irritado, uma funcionária “fez o favor” de ir falar com a colega da Tesouraria. Fui atendido em menos de um minuto. Como é que o país pode progredir assim? O Dr. Gonçalo Matias tem muito trabalho a desenvolver, mas precisa de saber como fun­cionam, ou melhor, não funcionam os diferentes serviços públicos.