Na edição do Expresso do passado dia 25 de julho, foi publicada uma notícia cujo título em manchete foi “Cirurgias em excesso foram pedidas pela administração do Santa Maria”. No subtítulo da manchete afirmava-se que “O ex-presidente fez pedido aos médicos em 2020 para aumentar financiamento pelo SNS”, acrescentando no corpo da notícia em “Destaque” na pág. 3 que “as cirurgias que deram milhares de euros aos dermatologistas foram pedidas pela administração” e que “as cirurgias milionárias foram um efeito secundário da estratégia dos administradores para melhorar a gestão do Santa Maria”. Pelo título, subtítulo e parte introdutória da notícia, qualquer leitor entendeu que a administração a que presidi em Santa Maria entre 2019 e 2022 pediu cirurgias em excesso, que deram milhares de euros aos dermatologistas, logo, o problema dos 400 mil euros por mês ou os 700 mil euros por ano que alguns dermatologistas ganharam tinha como antecedente um pedido efetuado pela minha administração aos médicos. Independentemente dos esclarecimentos oficiais que irei fazer em sede própria, cumpre esclarecer a opinião pública que a minha administração em nada contribuiu para as notícias vindas a lume nos últimos meses, cujos factos ocorreram em 2023 e 2024. Cumpre no entanto esclarecer a opinião pública, em linha com o corpo da notícia publicada, que, dada a acumulação de muitas intervenções desta especialidade, devido à contingência covid e de acordo com as regras instituídas para o SNS, a minha administração passou a incluir os atos mais complexos de natureza cirúrgica da dermatologia na lista de espera cirúrgica (reforçando as garantias de resolução em tempo adequado aos utentes, fosse neste hospital ou qualquer hospital público ou privado com essa disponibilidade), uma vez que os mesmos não estavam a ser corretamente registados na atividade hospitalar, necessitando para o efeito de ser codificados em Grupos de Diagnósticos Homogéneos de Ambulatório, ou seja, cirurgias de ambulatório e ser asseguradas em bloco operatório para maior segurança dos cuidados prestados. Assim, não só os utentes viam reforçados os seus direitos como o hospital passava a ser ressarcido justamente pelo SNS considerando os recursos incorporados. Como mais de metade das centenas de cirurgias acumuladas durante o período da covid eram tumores da pele, incluiu uma parte (cerca de 25%) em cirurgia adicional, para encurtar os tempos de espera. Nesta atividade os dermatologistas, embora com acréscimo significativo dos rendimentos, estavam sujeitos ao controle instituído em função das verbas disponíveis para esses programas e nunca auferiram rendimentos, nem de perto, nem de longe, como os noticiados. Daí que a minha administração não esteja envolvida nos “excessos”, nem de cirurgias nem dos tais vencimentos milionários de que se fala, não entendendo o motivo da relação das práticas instituídas com os “excessos” que parece terem acontecido nos anos posteriores, talvez por descontrolo. Por este motivo entendemos o termo “Excesso de cirurgias” pejorativo do trabalho efetuado por esta administração, num período tão complicado da nossa vida social, quando esteve em causa um mero ato gestionário, em perfeita harmonia com as regras do SNS e sem qualquer relação com os rendimentos excessivos de que se fala.
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