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Ideias

Boris Spassky

Por Diogo Pombo, Luís Guerra e Rui Gustavo

1937-2025 O tabuleiro de xadrez tem 64 casas e 32 peças, 16 de cada cor. Isso é o lado palpável. Mas o seu cerne vem da batalha entre duas mentes. Dentro do crânio de Boris Spassky, nado em São Petersburgo, em 1937, quando a cidade, esfaimada pelo cerco nazi, ainda era Leninegrado, morou uma das mais formidáveis. Aprendeu a jogá-lo em criança, na viagem de comboio que lhe permitiu escapar dessa desgraça. Foi campeão mundial com 32 anos, em 1969, desterrando Tigran Petrosian. Aos 18, o génio do russo já fizera dele o mais novo Grande Mestre da história, precocidade eclipsada pela da figura de quem a narrativa acerca da sua vida é inseparável: Bobby Fischer. Em 1972, no auge da Guerra Fria, protagonizaram o inflacionado ‘Jogo do Século’, em Reiquiavique, na Islândia. Não se tratava apenas deles, xadrezistas, a defrontarem-se pelo título: era a luz do Ocidente contra a obscuridade do Leste, a retórica do mundo livre contra as amarras do comunismo. No contraste refletido nas personalidades, ganhou o excêntrico e rude Fischer ao cavalheiresco Spassky, que até o aplaudiu. Acabariam amigos, confidentes do génio um do outro, reeditando o duelo, em 1992, com descontraída cavaqueira. Diogo Pombo

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