
A infância das festas de verão faz-se de ruas cheias carrosséis, algodão-doce, luzes e barulho. Vêm a seguir os cigarros escondidos, as noites de dança, cerveja, paixões. Por fim, chegam os encontros, reencontros e memórias
A infância das festas de verão faz-se de ruas cheias carrosséis, algodão-doce, luzes e barulho. Vêm a seguir os cigarros escondidos, as noites de dança, cerveja, paixões. Por fim, chegam os encontros, reencontros e memórias
Jornalista
Quando acordávamos ao som dos morteiros, sabíamos que a aldeia se preparava para entrar em três dias de grande festa. Desde o momento em que punha os pés em Argeriz, nos primeiros dias de agosto, vinda de Lisboa com os meus pais e os meus irmãos, já não largava a minha grande amiga que vivia lá o ano todo. Só voltava a ver os meus pais uns dias depois. A casa dela tinha sempre a porta aberta e com ela tudo era possível. Montávamos casas onde desse: por baixo de umas escadas, na adega, no telhado a ver o céu estrelado. Nos dias mais atarefados de preparação da festa, gostava de a acompanhar. Ajudava na cozinha a preparar doces, a cortar pimentos e batatas ou a ir buscar pães e folares à padaria. Também tratávamos da roupa para estrear no principal dia da festa: os rituais eram sempre os mesmos. A aldeia estava em êxtase, os cafés e as ruas ficavam cheias.
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