A realidade fabricada

O conceito de realidade está em vias de deixar de ser o que era — ou então arrisca-se a ser confundido com as ‘realidades’ de um minuto que a OpenAI promete, para breve, com a plataforma Sora. A criadora do ChatGPT prepara-se para elevar a fasquia da inteligência artificial, com uma ferramenta que gera, a partir de instruções escritas, vídeos com um máximo de 60 segundos que se tornam bem difíceis de distinguir dos produzidos por câmaras, caso não contenham cenas impossíveis. A OpenAI não adianta data de lançamento, e confirma que está a analisar potenciais riscos desta ferramenta para a sociedade. Também não há informação sobre as fontes das imagens ou conceitos que servem de ‘inspiração’ ou bases de dados que permitem corresponder com vídeos às instruções que os utilizadores usam como quem pede a um génio de uma fábula um vídeo à medida. Nos vários exemplos revelados, vê-se uma senhora asiática a passear em Tóquio, um jipe a circular em terra batida, uma feira dentro de uma cidade, um cão num parapeito de janela, e os menos realistas mamutes a caminhar na neve, texugos em cabriolas num laboratório de ciência, ou um coelho de óculos escuros a dançar num palco. “O modelo percebe não só o que o utilizador pediu nas instruções como também como as coisas funcionam no mundo físico”, garante a OpenAI. Não sendo a primeira ferramenta do género (Meta e Google também têm trabalho na área), Sora habilita-se a repetir em imagens o sucesso alcançado pelo ChatGPT na geração de textos.

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