Automóveis

Regresso ao futuro. Os clássicos da Renault estão a eletrificar-se

3 setembro 2022 20:41

Rui Cardoso

Rui Cardoso

Procurador da República; ex-presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

joris clerc

O Renault 4 fez 60 anos em 2021 e o Renault 5, 50 este ano. Um e outro estão aí para as curvas… ou para a eletrificação

3 setembro 2022 20:41

Rui Cardoso

Rui Cardoso

Procurador da República; ex-presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

Os carros estão cada vez mais caros, tendência que se agravará com a eletrificação. Longe vão os tempos da democratização e dos carros para o povo. Em meados dos anos 60, não era assim. De entre os modelos que se tornaram lendários — do 2 CV ao Carocha ou ao Mercedes Matateu —, a Renault pode orgulhar-se de ter produzido pelo menos dois: o Renault 4 (entre nós a quatrelle) e o Renault 5, respetivamente em 1961 e 1972.

O R4 significava versatilidade, simplicidade e robustez. Tanto fazia de carro como de jipe, não tinha arrebiques (os vidros eram de correr), mas raramente dava problemas e se dava eram simples de resolver. Foi o carro dos Serviços Florestais, dos CTT, da EDP e de muitas outras entidades. Se atascasse na lama ou na areia, quatro calmeirões bastavam para a levantar. Foi num carro destes que Pinto dos Santos, então engenheiro da Câmara de Arganil, resolveu tentar fazer em tempos aceitáveis alguns troços do Rali de Portugal. Se bem o pensou, melhor o fez e chegou a disputar provas em Portugal e no estrangeiro, navegado pelo campeão mundial do grupo N, Nuno Rodrigues da Silva. Em fevereiro deste ano, esta dupla foi ao Rali Safari de Clássicos no Quénia, acompanhada por uma outra e de respeito: o ex-piloto de Fórmula 1 e campeão nacional de Ralis Pedro Matos Chaves e Marco Barbosa. Com carros de 38 cavalos e passando em pistas infernais, conseguiram chegar ao fim, o que não foi de somenos. Recentemente guiei uma destas duas 4L acabadas de desalfandegar e tirar do barco num eucaliptal em Leiria: que delícia! Já não estavam grande coisa de suspensão nem de direção mas como dizia um grande piloto português “não lhes podemos é mostrar medo” e não faltaram habilidades dignas do Poço da Morte das feiras da minha meninice...