A fronteira terrestre entre Portugal e Espanha é a mais antiga fronteira da Europa. Com 1319 quilómetros, dá pelo nome de “Raia Seca”. Em “Lume”, nova coprodução luso-espanhola, entre a RTP e Televisión de Galícia, disponível na HBO Max e no primeiro canal do serviço público, os nomes e a história têm importância. “Raia” é o nome do periódico local de Seara, vila na fronteira com o nosso país, assolada pelos incêndios. A certa altura, uma jovem jornalista, a fazer um estágio naquele título regional, avança com uma notícia sobre o grande incêndio: as autoridades estão a ignorar a possibilidade de ter havido fogo posto. Cai o Carmo e a Trindade, exceto para o espectador, que, graças às pequenas revelações que vão caindo, já podia apostar que havia mão humana, com negociata no bolso por detrás. O foco de “Lume”, realizado por Sérgio Graciano e Giselle Llanio, é, por isso, político. E apesar de controlar bem a narrativa, sobretudo na dinâmica entre a outra jornalista, Lucía (a protagonista, interpretada por Cristina Castaño), e o GNR Júlio (Albano Jerónimo), segue os mesmos passos que qualquer thriller do género.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt