
“Babel”, em cena no Teatro Meridional, em Lisboa, de 25 de abril a 4 de maio, é sobre usar palavras, comunicar, perceber; e conversar, parecendo simples, requer, como tudo na vida, o maior cuidado
“Babel”, em cena no Teatro Meridional, em Lisboa, de 25 de abril a 4 de maio, é sobre usar palavras, comunicar, perceber; e conversar, parecendo simples, requer, como tudo na vida, o maior cuidado
Basicamente é uma coisa de palavras, como em “como é que eu digo isto?”; é só uma pergunta, mas o mal está feito. “Qual é a hipótese certa?”; “tem de haver uma maneira melhor do que outra”; “qual é a maneira mais justa de dizer?”. Uma delas pergunta, a outra responde, e são as respostas que suscitam as questões; parece que é sempre a mesma pergunta, mas será? “É apenas uma descrição”. É, de facto, uma descrição; o “apenas” é pura ironia, ou talvez autodefesa, muitas vezes uma coisa vem com a outra. A descrição é conhecida, fala de um povo que tinha só uma língua, um só conjunto de palavras, e que resolveu construir uma cidade e uma torre até ao céu. A ousadia era imensa, a temeridade uma vertigem. Nenhuma autoridade ia permitir tal coisa. “E o Senhor dispersou-os dali por toda a superfície da Terra, e suspenderam a construção da cidade. O Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra”. “Dizer” a descrição é muitas coisas, entre elas compreender as palavras que são ditas. Pode ser que “Senhor” seja entendido de diferentes maneiras pelas duas entidades que estão na peça, no espetáculo.
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