São duas da manhã, de sábado para domingo, Martha e George chegam a casa; “que pardieiro”, diz ela. Está a citar Bette Davis, e quer que George se lembre do filme em que a atriz tem essa saída. George não se lembra, e Martha começa a implicar com ele; primeiro porque ele a mandou falar baixo, depois porque nem sequer se lembra do nome do filme. Entre os dois a tensão é palpável, como se o conflito estivesse sempre para acontecer; e desde o princípio as coisas parecem anunciar uma violência que está para lá das próprias palavras, que elas não dizem explicitamente, mas que parece anunciarem, como se fossem prenúncio de guerra. George tem 46 anos, e é professor de História numa universidade da Nova Inglaterra; Martha tem 52, e é filha do diretor da universidade. Estão, aliás, a regressar de uma festa na universidade, e a casa deles está situada no campus universitário. Quando George propõe uma última bebida, Martha anuncia que vão ter visitas. Convidou um jovem casal que estava na festa, Nick e Honey; ele veio para o departamento de Matemática, que afinal é o de Biologia; ela é uma rapariga mais nova do que ele; têm 28 e 26 anos. George reage mal. Mas afinal, o papá de Martha quer que os recém-chegados sejam bem acolhidos; é tudo.
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