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Teatro & Dança

A violência de “Um Eléctrico Chamado Desejo” nunca se foi embora: Tennessee Williams pelos Primeiros Sintomas, em Lisboa

A partir do clássico de Tennessee Williams, Bruno Bravo encena uma obra que se passa num bairro pobre de Nova Orleães
A partir do clássico de Tennessee Williams, Bruno Bravo encena uma obra que se passa num bairro pobre de Nova Orleães

Estreada em 1947, “Um Eléctrico Chamado Desejo” constrói, genialmente, um drama em que diferentes visões do mundo se confrontam com enorme violência, mostrando ainda a invulgar capacidade de Tennessee Williams para compreender a Humanidade. Encenação de Bruno Bravo numa produção da companhia Primeiros Sintomas, no Centro de Artes de Lisboa, até dia 14

A chegada de alguém a um lugar novo: o início canónico de muitas narrativas. Neste caso, a chegada de Blanche DuBois a casa da irmã, em Nova Orleães, praticamente no início da peça. Blanche chega com uma mala de viagem, vestida com elegância, de chapéu e luvas. Na cena anterior, Stella, Stanley Kowalski e Mitch passam por ali, Stanley entregou um embrulho com carne à mulher, Stella, e acabam por ir todos para o bowling; deixam a cena para a entrada de Blanche, que traz um papel na mão. “Disseram-me para apanhar um eléctrico chamado Desejo, e depois fazer o transbordo para um chamado Cemitérios e andar seis quarteirões e sair nos — Campos Elísios.” “É onde estás agora”, diz Eunice, a vizinha do andar de cima, sentada num degrau. Blanche fala com dificuldade. Tudo lhe parece estranho e inesperado. Vem de Laurel, Mississípi. A grande casa da família e a plantação foram perdidas, engolidas pelas dívidas; todos morreram já, e Blanche até o emprego de professora perdeu. “Os nervos”, diz pouco depois à irmã; teve de tirar uma licença. E ali está. A casa é pobre, tem duas divisões, a cozinha e um quarto, com uma pequena casa de banho. Sem portas, só cortinas. E a história do emprego perdido, ver-se-á, não é bem assim.

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