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Teatro & Dança

Teatro: Em “A Senhora de Dubuque”, Edward Albee fala-nos da cegueira dos que vivem

Benedita Pereira, Sandra Faleiro e Manuela Couto
Benedita Pereira, Sandra Faleiro e Manuela Couto
Adriano Filipe

A peça de Edward Albee é uma extraordinária parábola não apenas sobre a chegada da morte, mas também sobre a realidade de existirmos, e de sabermos — ou não — quem somos. No Teatro da Trindade, em Lisboa, até 21 de abril

A peça começa em casa de Sam e Jo. São um casal entre os 34 anos, tal como os outros dois casais presentes — Fred e Carol, Edgar e Lucinda. O ambiente é de classe média evoluída e sofisticada. É fim de noite, e sente-se que o álcool já circulou. São amigos, conhecem-se bem, costumam estar juntos. Jo está doente — “chamas-te Sam; esta é a tua casa; e eu sou a tua mulher, e estou a morrer…”. É verdade, é ela quem o diz, e de facto Jo é quem funciona como um centro de energia que dispara flechas em todos os sentidos. Ela está a morrer, tem dores horríveis, e Sam deixa que ela diga e faça tudo o que quer. Jo está já, percebemos rapidamente, na fase em que a violência contra os outros — principalmente contra quem gosta dela e de quem ela gosta — funciona como um escudo de defesa contra o sofrimento e contra a morte. À violência do seu presente, Jo só pode responder com uma violência que é a medida da sua resistência, enquanto ser vivo.

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