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Teatro & Dança

Teatro: “Depois das Zebras”, o assalto a um ‘resort’ no Quénia

A peça de Pedro Gil faz lembrar o cinema de Buñuel e o teatro de Marivaux
A peça de Pedro Gil faz lembrar o cinema de Buñuel e o teatro de Marivaux
Sónia Mendes/TM Ourém

Um roubo num ‘resort’ no Quénia resulta em mudanças profundas nas relações entre as pessoas. A peça de Pedro Gil abre a porta a um mundo de questões e possibilidades. Para ver no São Luiz, em Lisboa, de 15 a 25

No Quénia, um resort é assaltado; o móbil é o roubo. Os assaltantes estão encapuzados com uns sacos às riscas — “zebras”. Os reféns, hóspedes e empregados, ficam todos numa sala. Enquanto a polícia não chega, os assaltantes pedem serviços, como hóspedes num resort, justamente. Inicialmente, são os funcionários que fazem esse trabalho. Com a passagem do tempo, contudo, essa divisão de funções começa a deixar de ser viável. Afinal, estão todos em situação de igualdade, e os funcionários fazem sentir isso aos outros. Os hóspedes compreendem, partilham as funções. Quando são, finalmente, libertados, há uma festa e todos confraternizam. Depois, o regresso à normalidade é diferente. Parece ser da vontade geral que tanto o trabalho dos empregados como as prerrogativas dos hóspedes continuem a ser repartidos por todos. No “novo normal”, os funcionários vão à piscina, pedem cafés aos hóspedes, e estes fazem as camas, limpezas, ou arrumam quartos. Tudo corre bem, entre lazer e obrigações. E as relações entre as pessoas mudam, também, de outras maneiras. Entre empregados e hóspedes estabelecem-se relações de amizade e de cumplicidade, trocam-se afetos. Nem tudo é exatamente assim, contudo, dado que um pequeno grupo de pessoas ficou preso numa cave, e as alterações relacionais por que passaram os outros, a maioria que ficou no salão, não afetou esse grupo. Para “os da cave”, tudo continuou a ser como dantes, os empregados a serem empregados, os hóspedes a serem hóspedes, e cada grupo e cada pessoa com funções e prerrogativas distintas.

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