Salim, descendente de comerciantes indianos, decide comprar uma loja. Não está na Índia nem na Europa, como a família, mas num não-nomeado país africano recém-independente. Ou, mais precisamente, num lugar trans-histórico, uma cidadezinha do interior, na curva de um rio. Aquele sítio, como toda a África, já foi árabe, europeu, e tornou-se enfim africano, com as descolonizações negociadas ou conquistadas. É àquele lugar que Salim precariamente pertence, já que não se identifica com a educação que teve, é um muçulmano agnóstico, nunca esteve na Europa, não é negro, nem árabe, nem inglês ou francês, e também não se sente completamente africano. Deve a essa identidade fluida uma perspectiva lúcida, não-sentimental, do espaço onde vive e do tempo que vive.
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