Como Chimamanda Ngozi Adichie admite na nota final, os “romances nunca são, realmente, sobre aquilo que são”. Seria fácil olhar para “Inventário de Sonhos”, o seu muito aguardado regresso à narrativa ficcional mais extensa (território que não pisava desde “Americanah”, de 2013), como um livro sobre os “desejos interligados de quatro mulheres” — o que também é, mas não só; ou não principalmente. Além de resposta ao desgosto pela perda da mãe, ocorrida pouco mais de um ano após a morte do pai (a quem dedicou umas delicadas e breves “Notas Sobre o Luto”) e que lhe deixou uma “sensação incontrolável de nudez, uma ânsia e um desejo de voltar atrás no tempo”, este romance cumpre o que a autora entende ser o “objetivo da arte”: observar com atenção o mundo à sua volta, o mundo concreto e real do nosso tempo, para depois tentar interpretá-lo, questioná-lo.
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