
Em “Eu Canto e a Montanha Dança”, a catalã Irene Solà oscila entre as grandes escalas — de espaço, de tempo — e as minúsculas, não perdendo quase nada pelo caminho. E sabe sempre captar as coisas certas
Em “Eu Canto e a Montanha Dança”, a catalã Irene Solà oscila entre as grandes escalas — de espaço, de tempo — e as minúsculas, não perdendo quase nada pelo caminho. E sabe sempre captar as coisas certas
Numa das encostas dos Pirenéus, um lavrador chamado Domènec é surpreendido pela chuva torrencial enquanto tenta libertar um bezerro que ficou preso nos arames de uma cerca. Saíra de casa para fugir ao caos doméstico e “experimentar uns versos” (é um poeta que não escreve, só diz poemas em voz alta quando ninguém está a ouvir), colhera uns cogumelos que transportava na fralda da camisa, e ao sacar do canivete, para cortar o pelo enredado do animal, morre fulminado por um raio. Eis um dos acontecimentos centrais de “Eu Canto e a Montanha Dança”, o belíssimo romance polifónico de Irene Solà (n. 1990), também poeta e artista plástica, obra que a catapultou para a linha da frente da literatura catalã contemporânea.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: josemariosilva@bibliotecariodebabel.com