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É pela Revolução que se entra no labirinto de vozes desenhado no novo livro de Alexandre Andrade

A Assembleia Constituinte, em 1975
A Assembleia Constituinte, em 1975
Marques Valentim/Atlântico Press/Getty Images

Ao erguer um labirinto de narrativas que abarca as primeiras décadas após o 25 de Abril, Alexandre Andrade criou uma 
das mais extraordinárias ficções da literatura portuguesa recente

Completado por Giovanni Boccaccio em 1353, o “Decameron” é composto por cem narrativas que um grupo de dez jovens (sete raparigas e três rapazes), abrigados da Peste Negra numa villa abandonada perto de Florença, contam uns aos outros durante dez noites, ao longo de duas semanas. O valor deste clássico não se restringe ao génio literário do autor e à argúcia dos enredos (muitos deles tomados de empréstimo), mas também ao facto de permitir um olhar de cariz quase documental sobre a vida na época. Salvaguardadas as devidas distâncias, o projeto literário de Alexandre Andrade, neste seu ambicioso romance, é semelhante. Em vez de 10, são 12 os amigos que se reúnem num mesmo local, uma casa grande e vazia entre o Largo do Rato e as Amoreiras, em Lisboa, no início de 1975. Não há ameaça de epidemia (embora o autor tenha escrito o livro entre 2021 e 2023, no rescaldo da crise sanitária provocada pela covid-19), mas há um país em processo revolucionário, poucos meses após o derrube da ditadura, muita incerteza no ar e uma pergunta partilhada: “O que fazer com toda esta liberdade?”

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