
O norte-americano Kurt Vonnegut exorciza a sua própria experiência na II Guerra como prisioneiro de guerra em “Matadouro Cinco”, um livro que demorou mais de duas décadas a concluir
O norte-americano Kurt Vonnegut exorciza a sua própria experiência na II Guerra como prisioneiro de guerra em “Matadouro Cinco”, um livro que demorou mais de duas décadas a concluir
Luís M. Faria
A frase “so it goes” tem várias traduções possíveis. “É assim” parece uma escolha óbvia. Nesta versão do clássico de Kurt Vonnegut usa-se “é a vida”, uma opção bastante razoável. A frase surge após acontecerem mortes, o que significa que estamos sempre a encontrá-la, uma vez que mortes, geralmente violentas, é o que não falta no texto. “É a vida” não implica contradição nenhuma. A morte faz parte da vida, e neste caso mais ainda, dado o tema do livro.
“Matadouro Cinco” é a obra pela qual muitos leitores entraram no universo de Vonnegut. Publicado em 1969, em plena guerra do Vietname, trata de uma outra guerra, a de 1939-45 na Europa, em especial de um episódio concreto: a destruição de Dresden pelos bombardeamentos aliados. Vonnegut estava presente como prisioneiro de guerra, refugiado num antigo matadouro (por falar em ironias...). O facto de ter levado mais de duas décadas a transformar a sua experiência num livro dá ideia da dificuldade em processar os horrores envolvidos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt