3 setembro 2022 19:14

Imagem espacial captada com o novo telescópio James Webb. Carlo Rovelli é o ‘pai’ da teoria da gravidade quântica em laços, que procura conciliar as duas teorias basilares da física moderna: a mecânica quântica e a relatividade geral
space telescope science institut
Físico teórico respeitado, Carlo Rovelli torna acessível a qualquer leigo o mistério maior da ciência do último século: a bizarra, fascinante e contraintuitiva mecânica quântica
3 setembro 2022 19:14
A 18 de abril de 1947, a marinha britânica fez explodir 6700 toneladas de dinamite na ilha alemã de Helgoland, no Mar do Norte, destruindo assim material bélico abandonado pelo exército nazi no fim da II Guerra Mundial. “Foi provavelmente a maior explosão levada a cabo com explosivos convencionais”, lembra Carlo Rovelli, acrescentando logo de seguida: “Quase como se a Humanidade tentasse anular o rasgo na realidade ali aberto” cerca de 22 anos antes.
É justamente esse “rasgo na realidade” o tema central do livro. Nas primeiras páginas, Rovelli regressa ao verão de 1925, quando um jovem cientista germânico, de 23 anos, chamado Werner Heisenberg, decidiu passar alguns dias de “inquieta solidão” em Helgoland, a desolada ilha de altas falésias e quase sem árvores, exposta aos ventos do Atlântico. Foi ali que numa certa madrugada, por volta das três da manhã, após uma maratona de cálculos, teve uma ideia genial, uma intuição espantosa que deu início àquela que é “talvez a maior revolução científica de todos os tempos”: a mecânica quântica. Uma teoria que até agora nunca falhou as suas previsões, que tem sido aplicada nos mais variados campos do saber, dos semicondutores ao estudo da formação das galáxias, mas que permanece, em muitos aspetos, um verdadeiro mistério. Mesmo para quem, como Carlo Rovelli, lhe dedicou toda a sua carreira de físico teórico, empenhado em conciliá-la com a outra grande teoria da Física do século XX: a relatividade geral, de Albert Einstein.