Há tinta salpicada pelo chão. As estantes que preenchem as paredes estão ocupadas, ora com telas, algumas ainda por resolver, ora com livros, muitos, e sobre tudo. Há uma mesa com café e chávenas onde colocá-lo. Têm cores fortes, as chávenas, e padrões. Têm linhas, manchas de cor e harmonia. Há formas circulares nos pires onde repousam, há a assinatura de Sofia Areal. Num cavalete folga um quadro com linhas, motivos e cores muito parecidos com os que observara nas chávenas. Algumas formas parecem também repetir-se, mas sempre de forma diferente. O quadro está inerte, não sai do cavalete, mas nele há movimento, há força, há a ansiedade de voltar a encontrar-se com a mão que tudo ali criou – a mão de Sofia.
Foi deste atelier que saíram alguns dos quadros que se movimentam agora pelo Centro Cultural de Cascais, ao longo de três salas que contam a história de uma família através de pinturas, desenhos, esculturas e fotografias. O ADN de Sofia está em todas estas obras, contudo, apenas parte delas são da sua autoria. As restantes pertencem ao pai, António Areal, e ao filho, Martim Brion. São personalidades diferentes, com técnicas, estilos e suportes distintos, mas partilham entre si a continuidade de uma linhagem, partilham entre si um sobrenome: Areal. O Expresso foi à inauguração da exposição “Areal3 [Areal ao cubo] – Nada com sem propósito” no passado mês de maio para conhecer melhor esta família.
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