“O Leite dos Sonhos” é um livro de Leonora Carrington que inspirou Cecilia Alemani, curadora da que é talvez a melhor Bienal dos últimos tempos. Uma opção pelos mundos da fantasia e metamorfoses, prazeres e delírios, pesadelos e mutações, imaginações e transcendências que a história da arte associa ao surrealismo mas aqui integra recentes problematizações das relações entre “humano”, “pós-humano” e “não-humano”, gentes, entidades e naturezas.
Graças a Paula Rego (1935-2002), Portugal tem uma das melhores presenças de sempre na Bienal. Já que ao longo de sessenta anos de carreira o Estado português nunca se terá sentido digno de ser por ela representado coube à curadora conceder-lhe uma das principais salas do pavilhão central dos Giardini. São 24 trabalhos com datas desde 1989 até 2019 que consagram a obra excecional da que é talvez a melhor pintora figurativa (para usar uma noção corrente) da contemporaneidade. No mesmo pavilhão destaco Nan Goldin com “Sirens”, jubilatória montagem de filmes (de Kenneth Anger às raves)
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