Dança

Dança: O cancioneiro popular feminino de “Tirana”

5 fevereiro 2023 16:47

Claudia Galhós

Luísa Saraiva apresenta “Tirana”, uma coreografia de som. No Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, de 9 a 11

5 fevereiro 2023 16:47

Claudia Galhós

Há uma outra forma de a dança e a música se relacionarem, distinta do trajeto mais convencional que a história da dança conta. É essa a pesquisa da coreógrafa e bailarina Luísa Saraiva. Às peças que cria chama-lhes “coreografias de som”. Em “Tirana”, a sua mais recente criação, interroga o impacto que a voz tem no movimento e o impacto que o movimento tem na voz, a partir da pesquisa sobre o cancioneiro popular feminino da zona da Beira Baixa e das Terras de Arões.

A música veio antes da dança no percurso formativo de Luísa Saraiva, que, quando descobriu a dança, descobriu o que queria fazer. Mas a música manteve-se sempre presente. Nos últimos seis anos, Luísa Saraiva tem estudado técnicas de canto, porque, diz, “cantar é uma atividade física, é uma extensão quase natural do movimento”. A sua primeira criação, “A Concert” (2017), em colaboração com Lea Letzel, é uma peça para 20 guitarras elétricas, percussão e duas intérpretes em que o som é gerado através da composição da espacialização do movimento. O trabalho coreográfico de Luísa Saraiva está vinculado à exploração da fisicalidade do som, da fisicalidade dos instrumentos e do canto. Nos últimos anos, esta pesquisa foi-se orientando para o “interesse pelo som que é produzido através do ar, seja a voz, seja por via de instrumentos de sopro, em que as diferenças da pressão do ar condicionam a qualidade do som. Isso tem uma tradução muito direta na fisicalidade. Na voz é muito claro, há uma menor distinção entre o que toca e o que é tocado. Como acontece na dança, com o corpo”.