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Cinema

Cinema: Dois filmes de Pedro Costa separados por quase 30 anos encontram-se agora no cinema

Mariya Lipkina em “Ossos” (1997)
Mariya Lipkina em “Ossos” (1997)

“Ossos” (1997) e a curta-metragem “As Filhas do Fogo” (2023), filmes-charneira da obra de Pedro Costa unidos por sibilinos pactos de mulheres reapresentam-se juntos nas salas

Quando “Ossos” se estreou — parece que foi noutra vida, finais do século passado, em novembro de 1997 — o suicídio a botija de gás não tinha hipóteses de ser bem sucedido nas barracas improvisadas e sem isolamento do Bairro das Fontainhas. Melhor ‘remédio’ daria em cozinhas de apartamentos calafetados da baixa lisboeta, ou das imediações do Hospital de Dona Estefânia, que é em “Ossos” um local importante. Na ideia punk de desespero e revolta contra a vida, talvez aquele fosse ainda um suicídio ‘de cinema’, mesmo que aplicado a locais e contextos muito concretos. Pedro Costa também diria adeus a muitas coisas ‘de cinema’ quando terminou este filme. Diria um adeus (não definitivo) a atores profissionais e a rodagens com planeamentos, equipas e orçamentos convencionais. Reformularia, num complexo processo, toda a estrutura de produção do seu trabalho. As cartas para entregar que lhe haviam sido confiadas na ilha do Fogo (quando rodou, em Cabo Verde, o filme anterior, “Casa de Lava”) leva-lo-iam a descobrir, às portas de Lisboa, o Estrela D’África, o 6 de Maio ou as Fontainhas, bairro que depois se tornaria “estúdio a céu aberto” (como ele a certa altura o disse). Mas isso só aconteceria depois de “Ossos”, com o advento do digital no final da década de 90 e o aparecimento das câmaras mini-HD que deram origem a “No Quarto da Vanda” (2000), com as irmãs e atrizes de “Ossos”, Vanda e Zita Duarte, entre outros. Esta aventura criativa foi documentada nestas páginas, sempre que à mesma se acrescentava novo capítulo.

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