Há um arco histórico de mais de 60 anos de criação para dança da pioneira do pós-modernismo, Lucinda Childs, que se apresenta no Porto. No Teatro Rivoli (sexta e sábado) mostra “Four New Works” — “Actus”, “Geranium ’64”, “Timeline” e “Distant Figure” —, as quatro novas obras estreadas em 2024 para a sua Companhia Lucinda Childs, na temporada que marca 50 anos de existência, e em Serralves (domingo), apresentam-se “Early Works”, sete peças criadas entre 1963 e 1979.
Lucinda Childs está sozinha em palco, surge do lado esquerdo mergulhada na escuridão e lentamente vai-se deslocando para a direita, num ato físico de esforço, de quem carrega um peso. Ela puxa, com força, uma corda. E o corpo vai compondo posições que respondem a essa pressão. Ao fundo, há um muro-ecrã, onde se projetam fantasmas de um jogo de futebol americano. Por entre a música, escutamos a transmissão de rádio do campeonato de NFL de 1964, entre as equipas Cleveland Browns e os Baltimore Colts. Esta é “Geranium ’64”, a segunda peça de “Four New Works”, que a histórica coreógrafa norte-americana criou para a sua companhia. Na realidade é uma recriação da peça com o mesmo título, originalmente estreada há 60 anos, na altura apresentada num espaço alternativo, e agora transposta para o palco de teatro formal. Lucinda Childs era a intérprete. Agora, aos 84 anos, Lucinda Childs é também a intérprete.
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