O meu entendimento da fotografia mudou no início dos anos 1980 com a descoberta do humanismo e arte de Nicholas Nixon. Já era um fanático do movimento fotográfico da Farm Security Administration (FSA), liderado pelo economista americano Roy Stryker nos anos 1930-40. Durante quase uma década, no tempo da Grande Depressão, fotógrafos como Walker Evans, Dorothea Lange, Arthur Rothstein, Marion Post Wolcott, etc. inventaram a fotografia neorrealista. O que eu não sabia, até encontrar a obra de Nixon, é que era possível combinar a realidade, por mais complexa que fosse, com claridade, rigor e limpeza. Nas imagens de Nixon tudo é essencial. Atente-se ao equilíbrio e solidez da composição e à limpidez das emoções que transmitem, quer se trate de uma floresta urbana de betão e vidro ou das mais nobres e traumáticas relações humanas, incluindo o amor pelo outro, frágil e vulnerável. Se Evans inventou a modernidade da fotografia humanista, Nixon atualizou-a meio século depois.
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