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Que Coisa São as Nuvens

Finalmente um pouco de luz

A surpresa é maior quando se entra no coração político do Palácio Ducal, onde os doges eram eleitos, e nos deparamos com a impressionante obra total de Anselm Kiefer

Em Veneza não há palácio mais oficial, com maior capacidade de se tornar símbolo do que o Palácio Ducal. Ele expressa as necessidades e os gostos do que foi este arquipélago Estado. Corpo a corpo com uma longuíssima história que o transcende (Veneza está a celebrar 1600 anos de fundação!), o Palácio Ducal documenta as suas ambições, glórias e lutos; narra, de forma imponente, a temporalidade dos homens como épica e tragédia, como grande metáfora de estratificações, acentos e passagens que lhe servem de espelho. Não admira que impactantes mestres da pintura (Tintoretto, Palma, o Jovem, Andrea Vicentino, por exemplo) tenham sido chamados para cobrir literalmente as monumentais paredes do edifício: de facto, eram necessários narradores desmedidos para representar uma história com uma vastidão assim. Mas o peso dessa construção cultural faz pensar no Palácio Ducal como nave de sentido único para viajar até ao passado, para olhá-lo à distância, para se confrontar com ele como se ele fosse outra coisa diferente do presente ou do futuro. Por isso, a surpresa é maior quando se entra na Sala do Escrutínio, o coração político do palácio, onde os doges eram eleitos, e nos deparamos com a impressionante obra total, de Anselm Kiefer (patente até 29 de outubro), que nos leva a rever o que sabíamos do tempo.

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