Fraco Consolo

Tristes títeres

14 outubro 2022 1:56

Pirandello comparava a diferença entre o novo teatro moderno e o novo teatro antigo à diferença entre olhos e óculos

14 outubro 2022 1:56

Seis Personagens à Procura de Um Autor” (1921), que estilhaçou a ilusão teatral, é o Pirandello que toda a gente conhece. Mas durante década e meia, entre o relativista “Assim É (se lhe parece)” (1917) e o desconstrutivo “Esta Noite Improvisa-se” (1930), o escritor italiano produziu muito do melhor teatro moderno, como “Henrique IV”, estreado em 1922.

“Henrique IV” é uma “peça com reis”, como as dos gregos ou as de Shakespeare (que escreveu um “Henry IV”, mas de tema inglês). A diferença é que este Enrico, chamemos-lhe assim porque não tem nome atribuído, não é rei nenhum, o texto nada tem a ver com a monarquia, nem exactamente com o poder, mas com a loucura (assunto que preocupava Pirandello, casado com uma mulher clinicamente paranóica). Em resumo, a história é a de Enrico, um aristocrata que caiu do cavalo num desfile carnavalesco e que quando voltou a si acreditou ser a personagem que desempenhava, o Imperador Romano-Germânico que reinou de 1084 a 1105.

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