A Revista do Expresso

Carlos III: todo o ritual da coroação marcada para dia 6 de maio

1 maio 2023 23:04

Ademar Vala Marques

charles mcquillan/getty

No tempo intolerante que nos cabe viver, cheio de censuras sobre o que fomos e de condicionamentos sobre o que podemos ambicionar ser, em que o grotesco é ufanamente celebrado e a tradição proscrita, é uma insólita lufada de ar fresco que se vá repetir na Abadia de Westminster, a 6 de Maio, um ritual arcaico, belo nos mais ínfimos pormenores, uma glorificação da continuidade e da História

1 maio 2023 23:04

Ademar Vala Marques

No momento supremo da cerimónia, o arcebispo de Cantuária pousará solenemente a coroa de santo Eduardo na fronte de Carlos III. Entre fanfarras e vivas ao rei, Carlos de Inglaterra tornar-se-á, sozinho entre os monarcas que restam a Ocidente, aquele que cumpre o imaginário popular ao usar uma coroa, esse símbolo por excelência da autoridade real, ostentado por quase todos os reis e rainhas ao longo de séculos, se não no quotidiano, pelo menos nos momentos mais solenes.

O século XIX viu as últimas coroações em muitos dos velhos reinos. A memória da Revolução Francesa e do peso letal da guilhotina sobre os Bourbons terão empurrado a Europa real para uma existência menos opulenta e mais consentânea com a realidade de que os reis reinam não já pela vontade de Deus, mas apenas enquanto o povo permitir. Não terá ajudado o facto de o próprio herdeiro da revolução, Napoleão Bonaparte, se ter alçado a um trono e se ter coroado numa das mais esplêndidas cerimónias que a História regista — para a qual arrastou o Papa a Paris —, antes de ser remetido ao miserável exílio em Santa Helena.

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