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“Diários de Salazar” revelados: das reuniões de trabalho aos telefonemas e conversas, assim governava o ditador

26 março 2023 19:24

afp via getty images

Através dos “Diários de Salazar” é possível fazer uma ideia da relação entre o ditador e o major Silva Pais, último diretor da PIDE, e do diálogo que mantiveram durante mais de seis anos. Numa letra miudinha e quase indecifrável, o Presidente do Conselho resumiu nesses cadernos quase 70 reuniões de trabalho, telefonemas e conversas. E também os segredos que ambos sabiam dever ser escondidos para a História

26 março 2023 19:24

A primeira vez que o nome de Silva Pais surge nos “Diários de Salazar (1933-1968)”, Porto Editora, eBook, é a 14 de agosto de 1943, um sábado. De manhã, mantivera a habitual rotina: leitura de jornais e de telegramas de e para o estrangeiro, o relato de uma conversa com o embaixador de Inglaterra em Lisboa, um telefonema com o embaixador no Vaticano, que dera detalhes de um “novo bombardeamento de Roma”, na véspera, pela aviação aliada. A guerra continuava a ocupar grande parte do dia a dia do Presidente do Conselho. Falou com o embaixador Teixeira de Sampaio, seu braço-direito no Palácio das Necessidades, e com o almirante Botelho de Sousa inteirou-se das negociações sobre a cedência da base aérea das Lajes, nos Açores, aos Estados Unidos. Depois do almoço, tratou com os ministros do Interior e da Economia dos efeitos do conflito mundial no dia a dia dos portugueses, patente nos sérios problemas de abastecimento, que obrigavam ao racionamento de alguns bens essenciais. Neste contexto, o ministro do Interior, Costa Leite, falou em tom elogioso “de um chefe de secção na Intendência”. Salazar quis saber o nome, que anotou: “Silva Pais”. Militar da arma de Engenharia colocado na PSP de Lisboa, dirigia a Secção contra Açambarcamento e Especulação.

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