17 julho 2022 18:06

No seu conjunto, as tropas especiais são ainda uma espécie de universo paralelo para as mulheres. Em Portugal, apenas 13,2% das Forças Armadas se fazem no feminino
17 julho 2022 18:06
Na família de Adriana Oliveira, de Vila do Conde, há uma tradição de mar, não de Marinha. Essa tradição é ela que a começa, rompendo com outra, tão antiga quanto a longa história dos mergulhadores da Armada. Adriana foi a primeira mulher a concluir o exigente curso de mergulhadores da Marinha Portuguesa, abrindo caminho nas águas profundas do género, numa zona de exclusividade masculina. Encara isso com total normalidade, com o sorriso, exatamente como ela nas suas funções, em elevado grau de prontidão. Desarma a questão da igualdade de género nas Forças Armadas nacionais como se fosse uma mina no fundo do mar. Mulheres como ela têm de marcar a ferros uma posição num universo masculino para que outras se sigam e os números ainda longínquos da paridade militar ganhem alguma expressão.
Por alguma razão, ou um conjunto destas, nenhuma mulher tinha conseguido chegar onde chegou Adriana. Seja homem ou mulher, a classe dos mergulhadores não atinge quem quer. Dos candidatos, apenas uma média de 10% chegam à fase final do curso. Só isto já diz bem da sua dureza, embora os seis meses dentro de água o digam de forma mais clara. O fato, a segunda pele de um mergulhador, adquire o peso de toneladas, testando os limites da resistência física e, tão ou mais importante, da resistência mental.