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É mesmo ele! Dúvidas sobre a identidade do infante D. Henrique desfeitas em Paris. Acabaram-se as teorias da conspiração?

RESTAURO Pormenor dos trabalhos no rosto do infante D. Henrique. Intervenções mais antigas envelheceram mal e encontravam-se degradadas
RESTAURO Pormenor dos trabalhos no rosto do infante D. Henrique. Intervenções mais antigas envelheceram mal e encontravam-se degradadas

Nunca os “Painéis de São Vicente” foram tão estudados como no projeto que o Museu Nacional de Arte Antiga iniciou há dois anos. Porém, mais do que as muitas dúvidas que ainda persistem, uma certeza foi já conquistada: o homem bigodudo de chapeirão é mesmo o infante D. Henrique. Os “Painéis” voltam a ser expostos, de cara lavada, em 2025

No fim de “O Nome da Rosa”, Adso de Melk, o noviço narrador da obra magna de Umberto Eco, recorda a reconstituição da biblioteca incendiada com base nos vestígios que conseguira recuperar. Um trabalho de uma vida, assumidamente incompleto e falível à partida. A última frase do livro soa como um alerta e um suspiro: “Stat rosa prístina nomine, nomina nuda tenemus.” Algo como: “A rosa antiga está no nome, e nada nos resta além dos nomes.” Afinal, o que temos das obras mais antigas senão um conhecimento imperfeito?

Por trás de vidros e sob o olhar de quem quiser ver, numa sala do terceiro piso do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), os “Painéis de São Vicente” são alvo da maior operação de estudo jamais realizada. Os últimos grandes trabalhos de restauro aconteceram há mais de 100 anos, pela mão de Luciano Freire. Mas desde 2020 e até 2025, os 60 misteriosos rostos pintados no políptico estão a ser examinados por uma equipa de investigadores portugueses e internacionais, desta vez com uma artilharia de meios técnicos que seria impensável na altura em que foram pela primeira vez expostos na Academia de Belas Artes de Lisboa, em 1910, um ano depois do restauro de Freire. O diretor do MNAA, Joaquim Caetano, garante que “por, pelo menos, mais 100 anos não será necessário voltar a mexer nos ‘Painéis’”, mas avança também que, por mais informação que se esteja a recolher, novas perguntas vão surgir, reiterando o carácter enigmático desta obra.

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