Líder em nomeações (uma dúzia delas) para a cerimónia que os portugueses verão na madrugada de segunda-feira, já reconhecido com diversos prémios em múltiplas guildas americanas e vencedor, sublinhe-se, de Melhor Filme e de Melhor Realização nos Globos de Ouro e nos BAFTA, “O Poder do Cão”, novo filme de Jane Campion, perfila-se para coroar a neozelandesa no Olimpo da Academia de Hollywood e, salvo surpresa de última hora, firmá-la enfim nas categorias principais que o mais popular de todos os seus filmes anteriores não atingiu.
Na edição dos Óscares de 1994, e já com uma Palma de Ouro de Cannes no portefólio, “O Piano”, recorde-se, foi distinguido em Los Angeles com estatuetas ao argumento e às interpretações femininas, mas quem levou então o Melhor Filme e a Melhor Realização foi Spielberg e “A Lista de Schindler”. Nunca mais a cineasta voltaria a ser nomeada depois disso. Passados 28 anos — e numa compita em que Spielberg volta a ser seu adversário —, o ar dos tempos é bem mais favorável para Campion. Por ser mulher? Conclui-se facilmente que sim: a batalha pela igualdade de géneros que se trava hoje nas sociedades ocidentais é muito mais premente e em nada se compara aos anos 90 do século passado. Pelo teor do filme, inspirado num romance de Thomas Savage vagamente autobiográfico e em torno da homofobia no remoto Montana no início do século XX? Sem dúvida.
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