José Sócrates deve ser convidado para a festa dos 50 anos do PS, defende João Soares em entrevista ao DN/TSF.
“Acho que todas as pessoas que ocuparam lugares de liderança no PS devem ser convidados. Estou a dizer-lhe a si uma coisa que lhe disse a ele, e ele mantém comigo muito boas relações pessoais, várias vezes tenho estado com ele na Ericeira”, afirma o ex-deputado e ex-ministro da Cultura, considerando que Sócrates “fez uma grande asneira” quando decidiu abandonar o partido.
“Ele fez uma asneira e lembro-me que uma vez estava a jantar com o Renato Sampaio, de quem também sou muito amigo, e disse-lhe ‘olha que fizeste uma grande asneira, porque um tipo que foi líder de um partido, não se demite do partido’”, explica Soares. Defendendo que, mesmo assim, o ex-primeiro-ministro, que está acusado de vários crimes e a aguardar julgamento, deve ser convidado. “Como, aliás, o António José Seguro também não pode ser esquecido, e o Vítor Constâncio. No plano pessoal, não tenho nada contra o Vítor Constâncio, acho só que ele foi um imenso erro de casting, mas isso não tem importância”, concluiu.
Não é este, no entanto, o entendimento da direção do PS para as comemorações que decorrerão no próximo dia 19 de abril. Na conferência de imprensa em que foi apresentado o programa das comemorações, o presidente do partido foi questionado sobre se iam ser feitos convites aos antigos secretários-gerais, mesmo que já se tivessem desfiliado. A resposta de Carlos César foi que o PS convida “os ex-secretários-gerais que são membros do partido”. E mesmo que o nome de José Sócrates não tivesse sido referido, o presidente do partido referiu-o: “O engenheiro José Sócrates desligou-se por livre vontade e não nos compete agora confrontá-lo com a sua opção“.
Na mesma entrevista ao DN/TSF, João Soares também diz que sente ter uma lacuna no seu currículo político por nunca ter estado preso. "Tive a sorte de nunca ter sido preso. Hoje considero que é uma lacuna grave no meu percurso pessoal. Vamos ver se ainda se arranja uma prisãozita e tal, nos tempos que correm nunca é de excluir."
Recorde-se que o antigo primeiro-ministro José Sócrates — o primeiro a conquistar uma maioria absoluta para o PS — entregou o cartão de militante em 2018, por considerar que a sua militância criava um “embaraço mútuo”. Sócrates esteve preso e está acusado por vários crimes, incluindo branqueamento de capitais e falsificação de documentos, e está à espera de data para ir a tribunal.
O programa das comemorações dos 50 anos do Partido Socialista inclui uma homenagem ao fundador Mário Soares, pai de João Soares, e conta com a presença de convidados de honra internacionais (Olaf Scholz, Felipe González, Pedro Sánchez, Stefan Lofven) e de históricos do partido como Manuel Alegre e Jaime Gama. Também estão previstos jantares, encontros populares e exposições itinerantes.
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