O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa abriu uma investigação para analisar uma queixa que ali chegou que acusa José Ornelas, hoje em dia bispo da diocese de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, de ter encoberto uma denúncia de abusos sexuais de crianças em Moçambique há uma década, de acordo com uma notícia avançada este sábado, 1 de outubro, pelo jornal “Público”.
A denúncia foi entregue por um professor português ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que depois a reencaminhou para a Procuradoria-Geral da República, onde, conta o jornal, duas procuradoras abriram a investigação. Não há arguidos constituídos na investigação, que se encontra no início.
Em causa estão queixas de abusos que em 2011 um aluno transmitiu ao professor no Centro Polivalente Leão Dehon, em Moçambique, que depois passou tal informação a José Ornelas, enquanto alto representante dos dehonianos no Vaticano (Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus). Porém, de tal denúncia não houve seguimento.
Ao “Público”, o bispo responde que cumpriu “com toda a sinceridade com os procedimentos adequados”. Não havia denúncias anteriores, houve investigação, garante, e assegurou que havendo indícios teria avançado para a participação criminal. Não foi o que aconteceu.
José Ornelas é, além de bispo de Leiria-Fátima desde março deste ano (antes estava em Setúbal), presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que agrega os bispos portugueses, que decidiu criar a comissão independente liderada por Pedro Strecht que está a investigar os casos de abusos sexuais de crianças no seio da Igreja.
“Não pode haver tolerância nem encobrimento de casos destes. Impõe-se um caminho claro no interior da Igreja e uma colaboração com as autoridades competentes para averiguar quaisquer ocorrências, segundo os processos legais do país, com as medidas legais e penais previstas na Igreja e no ordenamento jurídico civil”, foram palavras ditas recentemente por José Ornelas sobre a matéria.
A Conferência Episcopal espera a divulgação do relatório da Comissão Independente para o fim de dezembro, sendo que a divulgação pública deverá ter lugar no início de 2023.
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