Uma vitória do centro, do “candidato moderado”, e um “esmagamento da esquerda”. A análise de Rui Rio aos resultados eleitorais deste domingo coloca o partido do Governo na pior posição. “Se há alguém derrotado, é o PS. E, o que ainda é pior, é por falta de comparência”, afirmou o líder do PSD.
Apesar da tónica nos resultados somados dos candidatos à esquerda, “que andam nos 22%, 23%”, Rui Rio passou a maior parte do discurso a falar sobre um partido à direita do PSD. “Chamo a atenção que o André Ventura [apoiado pelo Chega] é o segundo classificado no Alentejo todo”, disse o líder laranja, enaltecendo um resultado que o próprio partido não consegue. “Em Setúbal, o PSD nunca, desde o 25 de Abril, conseguiu uma câmara municipal. Uma! Isto é que é a análise que é preciso ver.”
O líder do PSD insistiu na ideia mais do que uma vez. Afirmou mesmo que “o mais marcante” e que “desconhecia” foi ver “um candidato da extrema-direita passar o Partido Comunista onde o PS tem muita dificuldade e onde o PSD não tem conseguido passar” - no Alentejo.
Rio voltou a usar exemplo do Alentejo — “Évora, Beja”, repetiu — para criticar os que lhe imputaram responsabilidades pelo crescimento do partido da extrema-direita portuguesa, após o acordo de Governo nos Açores. “Se quiserem continuar a dizer que é um acordo nos Açores que o fez subir…”, frisou o líder do PSD, admitindo, porém, que também parte do eleitorado do PSD e do CDS foi “pescado” por Ventura.
Durante a campanha, Rui Rio tinha dito que uma votação expressiva em André Ventura seria “um mau sinal para o país”. Mas não acha que esse seja o cenário que tem pela frente. “Não considero que tenha sido uma votação expressiva, até porque não está completamente fechado, mas penso que ele não consegue sequer o segundo lugar em termos nacionais. A votação que se estima andará ligeiramente acima dos 10%, o que obviamente tem algum significado, mas não é uma votação absolutamente brutal que dê para essa preocupação que referi.”
Para Rui Rio, a noite é de vitória para o PSD, um partido de centro. “Nós não apoiámos um candidato nem de direita nem de esquerda, apoiámos um candidato moderado e de centro.” E esse, Marcelo Rebelo de Sousa, é “o vencedor inequívoco”.
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