Exclusivo

Presidenciais 2021

"Acha que as pessoas são parvas por estarem numa fila?" Uma odisseia de 1h30 para votar em Lisboa

Lisboa
Lisboa

Quem quis votar antecipadamente em Lisboa para não perder muito tempo foi ao engano: ao fim da manhã, no mínimo teve de perder entre 50 minutos e hora e meia até depositar o boletim. À tarde, o tempo já variava entre uma hora e apenas 15 minutos. Quem se inscreveu para estar em segurança e fugir aos ajuntamentos encontrou uma Cidade Universitária à pinha...

"Acha que as pessoas são parvas por estarem numa fila?" Uma odisseia de 1h30 para votar em Lisboa

Vítor Matos

Jornalista

Se as regras em vigor são de distanciamento social, aquilo foi um caos de proximidade: à porta da Faculdade de Direito de Lisboa, um aglomerado de gente em dia de confinamento, centenas ou milhares de pessoas - dos 33.364 eleitores que se inscreveram para votar antecipadamente na capital - faziam fila para entrar no edifício, uma fila longuíssima cujo fim dali não dava para ver, e havia mais gente a sair e a entrar, uma confusão onde era impossível a quem quer que fosse estar a metro e meio de distância, quanto mais aos dois metros recomendados. Este domingo de manhã, entre chegar à Cidade Universitária, descobrir onde ficava a mesa de voto, encontrá-la e votar, um cidadão levava entre 50 minutos e hora e meia - sem contar com as filas de trânsito ou as dificuldades para encontar lugar para estacionar o carro. Quem quis poupar tempo não poupou. Quem quis fugir aos ajuntamentos levou com uma multidão.

"Nunca demorei tanto tempo para votar, e vou aconselhar o meu marido a ir só no próximo domingo", comentava com o Expresso uma eleitora de 35 anos, que não quis revelar o nome: vinha da mesa 28b, podia chamar-se Vânia, Vanessa ou Zulmira, e estava arrependida de se ter inscrito para o voto antecipado, porque as razões para votar antecipadamente funcionaram exatamente ao contrário. Atrás dela, duas mulheres, mãe e filha, 59 e 87 anos, manifestavam-se igualmente frustradas: "Se adivinhasse não tinha votado hoje, concentrou-se tudo aqui", comentava a filha, a queixar-se que nem a idosa teve prioridade nas filas.

A alameda da Cidade Universitária parecia estar num daqueles dias de festa, com milhares de estudantes espalhadas pelo relvado (na verdade estavam eleitores a fazer fila para as informações), um carnaval de gente alinhada pacientemente de máscara posta. Passa um carro da Polícia Municipal com o altifalante ligado: "Senhores cidadãos, mantenham o distanciamento social! Usem máscara! E quando votarem abandonem este local!". Um conjunto de boas intenções nem todas possíveis de cumprir.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate