
O debate com o atual Presidente e referência a Ricardo Salgado geraram críticas internas e podiam ter comprometido de vez a campanha de Ana Gomes. Candidata chegou a pensar em cancelamento depois do caso da (falsa) contaminação de Marcelo
O debate com o atual Presidente e referência a Ricardo Salgado geraram críticas internas e podiam ter comprometido de vez a campanha de Ana Gomes. Candidata chegou a pensar em cancelamento depois do caso da (falsa) contaminação de Marcelo
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Já não bastava que, à partida, fosse o adversário principal nesta corrida presidencial. Quando surgiu a notícia de que o chefe de Estado estava infetado com covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa passou de nível e tornou-se o obstáculo total a que a campanha de Ana Gomes pudesse sequer ir para o terreno. “Equacionou-se o fim da campanha e até terça-feira à noite não pude sair de casa”, disse Ana Gomes ao Expresso. A candidata tinha estado num frente a frente com Marcelo, por mais de 15 minutos e sem máscara, e menos de 48 horas antes de o seu adversário direto testar positivo. As regras das autoridades de saúde não deixavam margem para dúvidas: mesmo que testasse negativo à covid-19, teria de ficar 14 dias confinada em casa. Contas feitas: a campanha, que mal tinha começado, podia acabar ali.
As reviravoltas da infeção presidencial terminaram bem para todos e houve luz verde para a candidata avançar. Mas o susto causado na campanha — aliado às sondagens que davam Ana Gomes em ex-aequo com o arqui-inimigo André Ventura — deixaram sérias marcas e fizeram a candidatura avançar a toda a velocidade e com todas as armas disponíveis. De uma agenda vazia, anunciaram-se visitas a escolas, a quartéis de bombeiros, a esquadras de polícia ou reuniões com autarcas, sem falar nos encontros virtuais e nos happenings convocados para inaugurar um mural de arte urbana. De Lisboa a Cinfães vai um passo de anão para uma candidatura que não quer — nem pode — perder mais tempo. E a candidata percorre quilómetros como se não houvesse amanhã.
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